Para começar gostaria de citar algumas frases do celebre psicanalista Jacques Lacan, ao qual a frase atribuída a ele é a seguinte: “A religião romana é a verdadeira. Tente colocar todas as religiões em uma e tente tirar dela a história das religiões, isso é horrível. Somente existe uma religião verdadeira, e essa é a cristã”, outra frase é a seguinte: “A verdade é, meus bons amigos, leva a religião, você nunca ouve nada do que eu falo sobre isso porque eu tento pular quando falo de religião, mas eu não estou ignorando-a, eu estou mordendo-a! Leva a religião, e tanto como a verdade, como eu já disse. E isso é a verdade, é exatamente por essa razão que a gente extrai algo em termos de conhecimento”.

Meu primeiro ponto é o seguinte: a psicanálise tem seu papel muito parecido com a teologia, na verdade ela é uma forma de organizar o entendimento humano dentro de um sistema de axiomas não empíricos, a teologia é basicamente a forma de medir todas as relações dentre os seres envolvidos no mundo, com relação ao objeto de estudo de tal sistema, que é a ideia de Deus, Tomás de Aquino fala o seguinte sobre a sua Doutrina Sagrada: “Mas também naquilo que de Deus pode ser investigado pela razão humana, foi necessário ser o homem instruído pela revelação divina. Porque a verdade sobre Deus, exarada pela razão, chegaria aos homens por meio de poucos, depois de longo tempo e de mistura com muitos erros; se bem do conhecer essa verdade depende toda a salvação humana, que em Deus consiste. Logo, para que mais conveniente e segura adviesse aos homens a salvação, cumpria fossem, por divina revelação, ensinados nas coisas divinas. Donde foi necessária uma doutrina sagrada e revelada, além das filosóficas, racionalmente adquiridas.” O papel da psicanalise é exatamente o mesmo da teologia, tentar compreender os objetos da existência humana em relação a uma figura “X”, a figura “X” no caso da Psicanalise é a relação diferencial dentre o individuo e suas relações familiares, tanto como o papel da teologia é a relação dentre os seres em relação a figura de Deus, com o auxílio de programas metafísicos tal qual a ideia de potencia e ato de Aquino, tal qual a ideia de espelho de Lacan previamente citado..

Expandindo o primeiro ponto e fazendo um paralelo com Nietzsche, a ideia de deus emana da forma da multiplicidade de singularidades, da diferença em si antes de ser associada ao sistema social, ao qual a identidade toma conta, essa sendo o movimento da diferença entre os objetos, a ideia de deus emana da vontade-de-força do ser humano, a vontade de poder e liberdade ao qual o ser humano está condicionado normalmente, a ciência é basicamente uma reversão cristianizada do cristianismo, enquanto o cristianismo é o fator social pelo conhecimento, a ciência é o conhecimento passando pelo fator social, o perfeito para o Nietzsche seria o eterno retorno, um ambiente onde o homem é capaz de treinar e repensar seus objetivos e vontades livremente.

Aí entramos em problemas técnicos dentro da ideia de psicanalise religiosa, qual de fato é a religião observada. Mesmo que por exemplo o indivíduo cientifico europeu analise o budismo, ele estará subjugado aos fatores da época que sê encontra, sua criação e suas experiencias religiosas e de seus contatos sociais. Fazer o ser humano escravo da psicanalise não ajuda ele a entender o todo, o real, dai caímos no o que é o real, e como estamos falando de psicanalise mesmo, vou citar a ideia de Deleuze sobre a diferença: a verdade existe, mas ela não é um objeto concreto, nem subjetivo, ela existe nas relações de vários sistemas e pessoas ao quais estão submetidos, a verdade é a diferença, ela existe no microcosmo de varias interpretações e teorias do gênero.




“O Super-Homem é tanto membro dos Jesuítas como membro do Campo de Oficiais Prussianos”