O Relato da Minha Conversão:

Quando eu tava fudido, decidi que eu ia ir para a casa da minha tia por um tempo, eu tava sofrendo de depressão pra cacete e ir para uma chácara sozinho somente com a minha mente era ao mesmo tempo perigoso, assustador e amendontrador como relaxante, intrigante e terapeutico, eu tinha acabado de me converter ao catolicismo, então levei só o meu rosario e pouca coisa na mochila.

Quando eu ia para a Igreja, eu sentia um gozar que raramente sentia, o mesmo sentimento de quando eu gozava para um porno muito bom, eu chorava e chorava incessantemente como algo desconhecido e imensuravel. Eu chorava quando meu ex-professor de história tocava a música "Um Certo Galileu" por Padre Zezinho, chorava como eu presenciasse um ser tão puro e tão inocente se redendo aos pés de mim, tão pecador, tão sujo, violento, satânico, bruxo. Ele se curvava diante de mim e dizia, "Olha-te, o que eu fiz e faço"(eu tô chorando agora no momento que eu escrevo esse texto). Na primeira vez que eu fui, fui para ler insessantemente, mesmo com os remédios (um para substituir o Depakote que eu estava tomando a pouco tempo) consegui ler 1 livro por dia, falei com meus amigos, que estavam se radicalizando pela ideologia anti-católica que existia na época, apoiei suas investidas a favor do budismo e até xinguei membros da minha igreja que estavam sendo contra eles (até hoje coloco que eles, na época, estavam mais que certos), nada demais aconteceu na minha primeira estadia, voltei sabado para ir a minha missa domingo, esqueci de ir no domingo. O objetivo desse primeiro dia, era ter conhecimento suficiente para terminar uma tese minha, para depois cometer o suicídio (falhei nos dois).

No segundo, eu fiz um exame de consciencia, no penultimo dia eu cheguei de uma visita a uma cidade vizinha destruido, pensando em todos os crimes, blasfêmias e pecados que eu fiz contra Ele, voltei destruido, fui logo para meu quarto, com ódio infinito com tudo que eu falhei, quando eu me lembro de uma música que a minha mãe cantava (antes de ela entrar numa escuridão profundissima), "Mãezinha do Céu", coloquei para tocar no meu fone de ouvido, nunca chorei tanto como naquele momento, minha tia só olhou depois que eu tava buscando papel no banheiro, e perguntou: "não vomitou né?" eu ri, querendo disfarçar minha existência e disse: "Não", limpei todas as minhas lágrimas e continuei até o outro dia.

Agora eu tô velho e cagado, todos meus livros são inúteis, perdi todos aqueles amigos que entraram no anti-teismo, ainda assisto pornografia bizarra, mas se você quer saber o que eu aprendi com toda essa minha saga religiosa, foi um fato que Jesus sempre deixou descancarado:

"Estamos todos, muito fodidos..."

Ser/Estar

Eu gostaria de ser aquele
Que faz anjos chorarem
Mães cairem
E pais pecarem
Meus olhos já viram
Tempos melhores
Meus irmãos estão
Enterrados na lama
Meus pais então
Nem conheci
Eu rezo em silencio
Para que o meu corpo
Pare de respirar
E que meus olhos
Fechem-se de uma vez